Atualmente, vemos a grande
insistência da população pelo investimento na educação. Por este motivo,
acredito ser necessário fazer ressalva à educação inclusiva, salientando que
a mesma não é somente uma questão de leis e obrigações mas, também, é uma
questão de cidadania e de respeito a todas as pessoas que necessitam de um
atendimento diferenciado. Todos temos direito à educação, ao respeito e a
igualdade de oportunidades, logo, cabe a toda a comunidade, por meio de seus
representantes, exigirem o direito de acesso a uma educação de qualidade e,
também, inclusiva.
No município de Charqueadas,
temos a escola municipal Otávio Lázaro que presta atendimento aos alunos com deficiência auditiva. Temos,
também, em nosso município, as escolas estaduais, Cruz de Malta e Mineiro
Nicácio Machado, que possuem as salas Multifuncionais, criadas para prestar
atendimento a várias deficiências, tais como: deficiência visual (DV),deficiência
auditiva (DA), deficiência intelectual (DI), deficiência física (DF) e autismo.
A função das salas
multifuncionais é o auxílio ao professor da turma regular onde o aluno está
incluso e a produção de material que ele precisa para acompanhar o conteúdo
trabalhado.
Devido ao fato de alguns
professores trabalharem em mais de uma escola no município, podemos acompanhar
e continuar com este auxílio aos alunos, de acordo com o seu avanço nos
estudos. Alguns materiais são preparados com auxílio de professores de escolas
diferentes que ajudam a transformar a forma como será ensinado e repassado, de uma forma mais efetiva, o conteúdo
na sala de aula.
Este relato se baseia na escola
Cruz de Malta onde temos alguns alunos que tem necessidades especiais no que diz respeito a aprendizagem. Com relação à deficiência auditiva, há um aluno de 8 anos
de idade em uma turma de 3° ano, o qual estuda fazendo uso de 2 aparelhos
auditivos e como encontra-se em fase de adaptação, somente agora, começa a
articular algumas palavras.
Inicialmente, por motivo do uso do
aparelho, não usará a língua dos sinais, embora haja profissionais habilitados
e que o ensinarão tão logo esteja adaptado a realidade escolar.
No momento, na escola, não há
interprete. Somente na escola Otávio Lázaro há um profissional interprete de
LIBRAS. Há professores que procuraram se habilitar em LIBRAS mas não se
encontram na função de interprete, mas por este motivo, são os que trabalham
diretamente com os alunos. Há na escola profissionais habilitados para demais
deficiências, mas para a deficiência auditiva somente na escola Otávio Lazaro,
para onde são direcionados os alunos com tal deficiência para uma assistência
especializada.
O poder público garante,
utilizando a lei, o acesso à escola, mas nem sempre a inclusão ocorre de
maneira satisfatória, pois há sempre a alegação, legítima, dos professores, de
não estarem preparados e habilitados para esta modalidade de ensino. O estado
não proporciona uma habilitação específica para profissionais de determinadas
áreas, que não são especificamente a de linguagens, a habilitação para atender
as necessidades dos alunos com alguma deficiência. O município, mesmo que
proporcione o atendimento em uma escola de ensino fundamental, ele o faz de
forma que haja um especialista (interprete) que auxilie o professor.
Infelizmente, o mesmo não ocorre no ensino médio, onde a preocupação com a devida aprendizagem do aluno parte do
professor sem o menor auxílio, respeito ou respaldo do estado, instituição que
deveria preparar o profissional para trabalhar com este aluno que necessita de
um atendimento diferenciado. O Estado garante o acesso, a inclusão do aluno no
ensino regular porém, não prepara o profissional que irá trabalhar com estes
alunos. Logo, o cumprimento da lei é, de uma certa forma, desrespeitoso para
com a escola que trabalhará com este aluno, com o profissional que terá de
lidar com uma metodologia de trabalho diferenciada (a qual não está habilitado)
e, principalmente, com este aluno que apenas quer , e possui, o direito de ser
tratado (incluído) igual a todos que buscam conhecimento.
Fonte: Professora Soni Antonia, escola Estadual Cruz de Malta
Grupo - Polo Arroio dos Ratos - UAB3/PARFOR
Marcelo Vale
Fábio Ferreira
Fernanda Lauermann
Nik Silva
Boa tarde!
ResponderExcluirParabéns ao grupo, pois vocês conseguiram apresentar o cenário da educação inclusiva em Charqueadas. Além disso, foi realizada uma boa reflexão em torno do assunto que estamos discutindo.
Gostaria de saber, um pouco mais sobre o trabalho dos professores com o aluno de 8 anos, como são organizadas as atividades de modo a contribuir com sua aprendizagem escolar?
Abraços, Lisiane (Tutora a distância).
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMeu nome é Marcelo Vale. Sou professor de ensino médio e técnico em química, nas disciplinas de Física, Química Inorgânica e Matemática, esta última nos primeiros anos do ensino médio, no Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand, Charqueadas. Faço este breve relato de minha atuação nestes 13 anos lecionando neste Instituto, pois já passei pela experiência de lecionar em turmas regulares com alunos oriundos de projetos de inclusão, alguns com deficiência auditiva. Nesta escola que trabalho, tenho como colega a professora Soni Antonia a qual é professora da sala de multimeios na escola Cruz de Malta e trabalha diretamente com estes alunos incluídos no ensino regular. No caso da aluna de 8 anos, segundo a professora entrevistada, foi utilizada uma metodologia de ensino gradativo, a qual passa, e atualmente se encontra, por um período de adaptação. O aluno citado chegou à escola com graves problemas de dicção, fala os quais vem apresentando relativa melhora. Pelo fato de ainda ser possível o uso de aparelhos, ele o faz para que possa se acostumar com a situação de inclusão. A tendência é que seja dada uma atenção ao seu desenvolvimento pois, se no caso de sua limitação vier a se tornar severa, ele possa ter outros recursos desenvolvidos que proporcionem melhor interatividade e aprendizagem. Alguns materiais são preparados especificamente a estes alunos que necessitam de um tratamento especial. O aluno em questão, atualmente, já começa a se expressar por meio de palavras as quais não tinha um vocabulário conhecido e uma dicção que proporcione uma forma de comunicação mais efetiva e produtiva a este aluno. Em suma, ainda não podemos dizer que rumo tomará a aprendizagem deste aluno. Tudo dependerá do desenvolvimento dele no decorrer de sua vida estudantil, mas novas metas estão traçadas. Entre elas, o ensino de libras a este aluno.
ExcluirAinda podemos citar as atividades realizadas em sala de aula, são as mesmas feitos pela aluna com o diferencial de que ela faz uso de recursos e auxílio do professor da sala de multimeios, responsável pelo preparo do material de acordo com as necessidades do aluno.
Acredito que em breve teremos mais informações sobre os próximos passos para a melhoria da aprendizagem desta aluna.
Marcelo Vale.
Boa Noite meu nome é Fábio e um relato importante relacionado ao sistema de ensino, para este aluno de 08 anos, deve ser salientado que no início do ano e antes do aparelho auditivo este aluno era extremamente agitado passava o período da aula, correndo pelo pátio da escola e a professora atrás, ele sempre gritando agitado e com gritos de sons confusos e após ser colocado o aparelho, a professora conseguiu melhorar a comunicação com o aluno prendendo sua atenção com trabalhos específicos e com o passar do tempo o aluno já esta se comunicando com algumas palavras.
ExcluirBoa noite,
ResponderExcluirSou a tutora de Libras a distancia – Rubia.
Vocês realizaram uma discussão muito interessante com os dados obtidos.
A questão da formação de professores para trabalhar com alunos surdos é um aspecto muito discutido quando se fala em inclusão. Nas licenciaturas a disciplina de Libras é obrigatória, e é ministrada em um semestre. Como vocês percebem esta aprendizagem da Libras em um semestre? Ela é suficiente para dar aulas a um aluno surdo?
Boa noite professora Rubia
ExcluirParticularmente, acredito que não é suficiente. Tive a oportunidade de participar como ouvinte do curso de formação de intérpretes e lá percebi o quão difícil é a aprendizagem de libras para sua posterior aplicação em sala de aula. Percebi que seria difícil o ensino da química, por exemplo, para alunos por meio de libras. Como em um semestre estaria apto a lecionar utilizando todos os argumentos, símbolos, elementos da química e suas nuances em apenas um semestre? Creio que para uma comunicação mais efetiva com o aluno, com certeza, é de suma importância e de grande efetividade mas, para lecionar utilizando os termos próprios da disciplina, seria necessário um aprendizado muito maior e uma grande dedicação por parte do profissional. Me agrada a ideia de termos LIBRAS da mesma forma que estudamos o português. Acredito ser uma questão de respeito para com estes alunos por parte de nós, profissionais da educação, mas principalmente do Estado como um todo, proporcionando uma educação de qualidade, com conteúdo e acesso real a todos os ensinamentos e formas de aprendizado existentes. Tomara que não se torne uma utopia!
Marcelo Vale.
Bom dia ! Creio que não seja suficiente, pois no planejamento e na avaliação do tempo de aprendizagem, professor de crianças surdas deve ter em mente que a grande maioria chega à escola sem qualquer conhecimento, cabendo aos professores, preferencialmente, surdos, propiciar a aquisição da Língua Brasileira de Sinais, como primeira língua, com base na qual se dará a aprendizagem da Língua Portuguesa, na modalidade escrita, como segunda língua. Assim, é esperado que as crianças surdas possam demorar mais tempo do que as ouvintes para realizar tarefas que dependam da compreensão e uso das duas línguas, o que não significa que estarão impedidas de fazê-lo, mas que outros recursos deverão ser usados, principalmente os visuais, como imagem, dramatização, entre outros.
ExcluirNik.
Acredito não ser suficiente e vejo que professores acabam, participando do ensino destes alunos muitas vezes sem o conhecimento necessário para uma boa inclusão.
ExcluirFábio